segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Intervenções


Durante o debate os participantes comentaram as comunicações colocando dúvidas e dando sugestões. 
No fim destas, a mesa efectuou uma  intervenção final.


Intervenções dos participantes 

  • Onde isto nos pode levar? O que se pode fazer para além de classificar? A categorização é importante, no entanto a criação de mais categorias é exagerado. Cada Casa-Museu deveria poder escolher a categoria que mais se adapta à sua realidade.
  • O estudo das categorias é um estudo muito abrangente. É importante ajustar as categorias à realidade das Casas-Museu existentes em Portugal.
  • Existem três categorias que têm um universo muito amplo: Casas Clericais, Casas Modestas e Salas de Época. Esta última é uma categoria muito desenquadrada das restantes.
  • Há uma excessiva divisão de categorias, o que pode levar a que exista apenas uma Casa-Museu para cada categoria.
  • Há um número excessivo de categorias, sendo que alguns nomes não são muito adequados. É necessário fazer um levantamento, a nível nacional, de todas as Casas-Museu existentes. Posteriormente, criar por exemplo uma associação comum a todas elas para as promover e, assim, deixarem de ser desconhecidas. Utilizar a criação desta base de dados para se publicar um livro e fazer itinerários pelas Casas-Museu.
  • Existe um excesso de classificações. A ficha deve ser melhorada. Uma Casa-Museu devia ter várias classificações. Devia-se classificar cada casa através da sua missão, função e objectivos.
  • Terminologia (relacionada com as traduções) e definições utilizadas são muito ambíguas. As Casas Modestas e as Casas de Beleza possuem muitos parâmetros redundantes e definições ambíguas e limitativas. Devia existir uma última classificação: Casas Mistas.
  • Devia haver uma nova política museológica: mais autonomia, mais orçamento, mais condições, mais financiamento. É importante criar uma associação para gerir a rede de Casas-Museu.
  • Devem ser criadas estruturas anexas de apoio às Casas-Museu.
Dr.ª Maria de Jesus Monge

A questão de tornar as nossas casas apetecíveis, de continuarem a ser importantes no seu contexto passa por mantê-las dinâmicas. Nós, enquanto conservadores desses espaços, vamo-nos encostando e o que acontece com muita frequência é que há um primeiro grupo fundador, uma equipa de pessoas ligadas àquela ideia, e durante muitos anos o espaço é muito dinâmico, é muito vivo e depois vai-se perdendo, vão-se criando rotinas, vão-se criando hábitos; a pouco e pouco as pessoas deixam de perceber muito bem qual é o objectivo e que é preciso trabalhar constantemente para conquistar novos públicos, sobretudo neste momento em que muitos dos produtos tradicionais estão a rarefazer. E, portanto, cabe à equipa que está à frente dessas instituições manter o espaço dinâmico. 

Espero que a reunião da parte da tarde dê para definir melhor o que é que podemos fazer para além das categorias. As categorias são só a primeira etapa. Quando dizem que há muitas categorias, estou perfeitamente de acordo. Eu acho que, por exemplo, as Casas Clericais são capazes de ser um pouco redundantes. Nós temos que ter, eventualmente, uma categoria que abranja todas as casas que, de alguma forma, são comunitárias. Mas, todas as categorias de habitação que pode haver numa grande Abadia Beneditina são as mesmas que se encontram em alguns Palácios. Acabam por haver pontos em comum em casas que não têm exactamente o mesmo tipo de habitante. Isso são as especificidades que não nos levariam a criar mais categorias, mas eventualmente a encontrar pontos de contacto.  

Há também a questão da terminologia que tem a ver com as nossas traduções e tem a ver com a dificuldade em traduzir do inglês (muitas vezes a palavra não existe em português). Ao querer adaptar essa terminologia, nós temos grandes dificuldades. Por exemplo, o termo DEMHIST, para os ingleses fazia sentido que o Comité fosse o Comité das Casas Históricas e não das Casas-Museu; o termo Casas Históricas para nós é extremamente redutor porque Casas Históricas para nós são duas ou três. 

Há um aspecto fundamental que tem a ver com todos os Museus, não é específico das Casas‑Museu, que é a necessidade de investigação, que infelizmente esteve ausente dos nossos Museus durante décadas (não era uma necessidade sentida) e que neste momento está a acordar e em muitas das Casas-Museu está-se a revelar fundamental. Sei que existe em algumas casas de escritores, eventualmente também haverá em relação a algumas casas de artistas plásticos, poderá também haver em casas de políticos. Mas isso apesar de tudo deixa franjas, o que torna difícil para algumas realidades mais locais como é que se investe na investigação. Mas só por aí é possível dinamizar e deixar de ser os tais fósseis de que nos acusam.

Dr. António Ponte

 Eu penso que há aqui duas questões que é importante realçar: 

Esta questão da classificação que foi aqui apresentada. No fundo, é o transporte a uma tradução daquilo que é o trabalho relacionado para a validar, o que está neste momento a ser feito e por isso foi apresentado com esta versatilidade. Não pretendemos fazer aqui nenhuma triagem, mas sim mostrar o que é que vem em produção para eventualmente haver propostas.  

Há uma questão que eu não queria deixar de seguir que é aquela questão das missões e que acho que é mesmo muito importante. Muitas vezes a classificação das Casas-Museu vai derivar da missão que a própria Casa-Museu tem, que transporta ou mais tarde a Personalidade ou mais tarde os Coleccionadores ou as Épocas. Portanto, muitas vezes não está definida a missão destas instituições que nos cria problemas quando tentamos avançar para um estado já de classificação porque vai determinar o tipo de actividade que vamos desenvolver futuramente. Este será um dos pontos que era importante ressalvar desde já para o dia de hoje. A missão das Casas-Museu vai de facto determinar o futuro de todo o tipo de instituições. 

Outras questões que gostava de realçar: 

Tem a ver com o levantamento nacional das Casas-Museu (isto é uma confusão que ninguém se entende). Quando nós pedimos uma listagem à Rede Portuguesa de Museus das Casas‑Museu portuguesas não há, então mandam-nos listas imensas em que nós temos que tentar perceber, dentro daquelas listas, onde é que estão as Casas-Museu. À partida isto deveria começar pela própria tutela ou de um organismo central que pudesse de alguma forma ajudar a normalizar isto. Porque é diferente sermos nós os 3 ou nós os 40 ou ser uma Rede Portuguesa de Museus ou o Ministério da Cultura que mande um inquérito e que tente perceber como se pode classificar cada uma das tipologias das Casas-Museu. A credenciação é determinante porque a credenciação das Casas-Museu tem que ser necessariamente diferente da credenciação de outros Museus. Os preceitos de trabalho, de organização são diferentes para um Museu generalista daqueles que são para uma Casa-Museu. 

Outra questão tem a ver com as estruturas anexas de apoio às Casas-Museu, que eu acho que são cada vez mais determinantes. As Casas-Museu têm de deixar de ser só o espaço da exposição: ou têm uma estrutura onde se pode desenvolver um conjunto de actividades paralelas que poderão funcionar como atracção do público, como a possibilidade de fazer retornar ao Museu; ou então de terem alguma estrutura anexa onde seja possível fazer conferências, exposições, serviços educativos. Porque de facto Qual é a imagem exterior das Casas-Museu? São dos Museus mais fossilizados e mais cristalizados que há. Se nós conseguirmos, a par e passo, cada um no seu sítio, começar a desmontar esta ideia, talvez consigamos que haja mais visitantes e que haja mais interesse que potencie as colecções, os patronos. 


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